Geração Z: sobriedade temporária e ressaca de amanhã
Durante meus 30 anos no mercado de bebidas, como professor, crítico e jurado nos maiores concursos destilados do planeta, ouvi falar de tudo. Mas nada tão espirituoso (ou espiritualmente errado) quanto a falácia que sai por aí: “A geração Z está bebendo menos álcool”. Agora vamos ser francos. Eles não estão mais sóbrios – sim, são mais difíceis e mais dopados – seja por drogas ilícitas como cannabis ou MDMA ou drogas como zolpidem ou anfetaminas.

Uma boa dose de cachaça artesanal servida com propriedade e maneira adequadas. Foto Mauricio Motta/Estadão
De acordo com a matéria em O negócio de bebidasA queda no consumo de álcool entre jovens americanos não se deve exatamente a uma epifania coletiva sobre saúde e bem-estar. A maioria dos zoomers simplesmente não tem dinheiro. Eles estão no início de sua vida profissional, atolados em escorregões, parcelas do estado -do iPhone -t e com o aluguel da cozinha dividida com um gato -também ansioso -tarde. Enquanto isso, a cachaça, o uísque, o gin e até a cerveja artesanal seguem os preços nas alturas, e os bares continuam a cobrar o equivalente a uma entrada de um festival por um coquetel artesanal. Resultado: Abstinência por falta de fundos, não por virtude ou preocupação com a saúde e bem -estar.

O consumo de álcool cresce à medida que o poder de compra é aumentado pelo PNS de 2019 da IBGE. Fonte: Ibge
Ainda mais preocupante é o substituto emocional do álcool. O consumo de drogas psiquiátricas entre os jovens demitiu. Segunda pesquisa no site Caliandra SaúdeQuase 30% dos profissionais entre 19 e 23 anos tomam remédios para ansiedade, depressão e similares. O portal Terra Ele ressalta que 4 em cada 5 jovens brasileiros usam psicotrópico, lícito ou ilícito. Estamos enfrentando a geração mais medicamentada da história. E aqui, entre nós, a fluoxetina pode até evitar uma noite -bêbada, mas está longe de substituir a alegria etílica de um bom rum do Caribe ou de uma boa cachaça de idade.
Enquanto isso, as barras se maravilha, como descrito no excelente texto de Thiago Bañares para CNN BrasilComo sobreviver ao desaparecimento deste jovem das mesas. Os proprietários de bares e chefs investem em mocktails, chás com espuma de hibisco e bebidas com kefir. Até grandes marcas e indústrias entraram nessa onda. Gins, uísques e cervejas. Todos os 0,0%, tentando agradar um público que prefere histórias no Instagram a brindar no balcão. Mas essa ausência tem mais a ver com o Uber caro e baixo salário do que com convicção sóbria e saudável.
Nos EUA, o consumo de destilados caiu 3,8%, apesar do crescimento de 1,3% no consumo de tequila de acordo com o Negócio de espíritosMas o álcool ainda é extremamente lucrativo e coadjuvante bares e restaurantes, muito mais do que comida. Se dependesse apenas da comida, a grande maioria dos restaurantes fecharia as portas -como mostra um artigo recente no O economista. Sim, o álcool é extremamente lucrativo. Em outras palavras: você bebe menos, mas paga mais. É o efeito do “milenar” que se tornou chefe e agora consome menos volume, mas mais qualidade. Todo mundo se lembra do lema da cerveja artesanal por cerca de uma década por cerca de uma década: “beba menos, beba melhor”. E isso, minha querida, é o futuro que se espera da geração Z: quando eles saem da crise existencial nos vinte e poucos anos e entram na crise financeira de trinta e cinco, eles mudarão o Rivotril para Cachaça. E devemos considerar que a realidade brasileira é um pouco diferente e siga a evolução dessa tendência aqui, porque, apesar do consumo abusivo de álcool entre 18 e 24 anos, cair de 23%para 19%, a porcentagem de adolescentes que já consumiram álcool pelo menos uma vez em que a vida passou de 52,8%em 2012, para 63,2%, em 2019. Um aumento significativo que deve afetar Habits e Habits.

Porcentagem de crianças em idade escolar da 9ª série que tomaram pelo menos um copo ou uma dose de álcool dentro de 30 dias antes da pesquisa. Fonte: CISA
Tudo isso, sem mencionar o aumento estonteante das RTDs (prontas para beber) nos últimos 5 anos. Tendência principalmente entre os mais jovens. Muito mais por sua praticidade – os zoomers querem tudo a uma velocidade de um clique – e acessível, do que para o menor teor de álcool, uma vez o recente surgimento de variações de marcas consolidadas que usam em suas embalagens adjetivas como “completa”, “pesado” ou “poder”, refletindo um movimento acentuado de ataques alcoólicos nessa categoria de bens.
O que vemos agora não é um novo paradigma cultural. É um ciclo etário. Toda geração que começa a vida profissional de calças e bolsos apertados se apegando às promessas de saúde, foco e produtividade. Então, quando eles se elevam em sua carreira, a cachaça artesanal volta, com um toque de maturidade, limão e muito gelo de verdade.
Portanto, não se engane: a geração Z não está deixando o álcool. Você está apenas dando uma pausa estratégica – ganhar alguns dólares, equilibrar os neurônios e talvez descobrir que um bom destilado pode ser a maneira mais elegante de celebrar a superação de um jovem ansioso.
E quando chegar esse momento, estarei aqui. Com meu copo, meu caderno e um olhar paciente. Porque o tempo cura tudo – até moderação. Saúde! Opa …